
Eu não quero mais acreditar em certezas. Elas tiram de mim a capacidade de ver o outro lado; ver as verdades que há por trás e por entre as frestas que essas certezas trazem. Isso porque, na verdade, as certezas não existem! Elas simplesmente estão fincadas dentro de mim por própria conta e risco. Eu as coloco como tal! As certezas existentes são só as minhas ilusões. Qualquer outro tipo de constatação quanto à vida, e mais ainda, quanto às pessoas são meros ensaios de certeza.
A “inconclusão” das coisas e a imprecisão e o caráter efémero do ser humano não devem ser bases para que eu crie um mundo de certezas. Digo NÃO a tudo isso a partir de agora. Devo me montar num cavalo e armadura e gritar: independência ou morte? Talvez sim!!! Pensando-se na independência como sendo a liberdade de sentimentos que dependem de um outro qualquer para existir. Sim, eu gritaria no topo de uma montanha se fosse preciso...pois ou teria essa independência sentimental ou então só me restaria a morte...não a morte real e física, mas sim naquela morte dos instintos, sejam eles nobres ou não, e de meu brio pessoal. A morte da alma, o que é muito mais grave que aquela do corpo.
Meu corpo pede por coisas que eu não tenho e minha alma espera por muitas outras com a paciência de um monge que aguarda seu dia com orações e preces edificantes. O movimento de agora é esse – a simples e pura inércia. Mas, a inércia de sentimentos e não aquela que me levaria a ficar parada vendo o mundo correr lá fora sem mim. Isso não! O mundo precisa de mim, assim como precisa de cada ser vivo existente. Tudo é equilíbrio e tudo gera modificação. Então, estou no mundo e ao mesmo tempo na inércia. Essa é minha armadura. E ela vem coroada com muita emoção e uma grande busca de saber. Eu quero aprender, seja lá o que o mundo vai colocar pra que eu aprenda. O que não quero mais é aprender com meus erros! Estou determinada a aprender com o correto e assim CONSTRUIR uma certeza: a de que fui eu mesma que me transformei e não uma maneira errada minha de estar com o mundo e com um outro alguém. Que este alguém penetre na minha alma, descubra minhas verdades, esteja com meus segredos e no final desfaça as minhas certezas e NÃO me deixe ali...parada novamente...como alguém que estava caminhando numa estrada e que de repente se vê perdido, pois achava que estava indo no percurso certo, e, que em um momento olha pro lado e vê na placa, cravada na estrada, que estava em um outro lugar. E sabe o que é mais difícil nisso tudo? È que quando se constata que se esta no lugar errado é que não se sabe muito bem como se chegou ali e nem como se faz para voltar de onde veio. Essa então é a questão: como se volta de um lugar se não se sabe mais como chegou ali??? Isso paira em mim como, talvez, mais uma certeza... mas, apenas um ensaio, já que tento ser otimista com a vida e com as pessoas e tento achar que o caminho não é tão errado assim e que é só dar passos pra trás que retornarei de minha origem. O que eu quero é traçar o meu caminho e não mais andar pelo traço de outra pessoa e me deixar ser levada por um caminho de ilusões.
As marcas dessa longa caminhada, muitas vezes de idas e vindas pelas mesmas estradas, são sinais meus e que construíram o que eu sou hoje! Então, apesar de olhar pra elas e às vezes ver sim cicatrizes profundas tenho a última certeza de hoje: que fui eu mesma que me feri ou que deixei me ferirem. Sendo assim, a armadura e o grito de liberdade servirão para que não haja mais cicatrizes, no máximo um arranhãozinho...